quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Aquela Voz

Aquela voz
Seria capaz de me levantar dos mortos
Aquela voz
Poderia me fazer rir ou chorar desesperado
Aquela voz que despertava urgência em meu ser
O grave reticente
E a expressão que vinha junto
Ao pronunciar cada palavra
Aquela voz seria capaz de me comandar
Me hipnotizar
Me fazer chorar, deitar, gemer, gritar
Me fazer amar
Aquela voz
Mais afiada que espada
Embora tão aveludada
Uma arma, um chicote
Aquela voz
Aquele som
Um sino de Notre-Dame
Ecoando em minha mente
E o Quasimodo sou eu
Aquela voz
Era minha demais
Só minha
E não é mais
Não mais ressoa em meus ouvidos
Não sei que eco ela faz
Não sei o que desperta em quem a ouve agora
O mesmo carinho ou a mesma derrota
Que despertavam em mim
Não sei se canta ou arrota
Mas cantava para mim
Canções que não esqueço
E canto quando anoiteço
Quando bebo sem parar
Quando penso num segundo
Que se foi pra não voltar
E aquela voz
Ainda vive
Quando sonho e quando acordo
Tão doce e tão amarga
Tão azeitada
Que eu tanto ansiava
Minha droga, meu inverno
Que parecia eterno
Mas findou
Aquela voz
Me mudou
Aquela voz
Me matou
Aquela voz