sexta-feira, 4 de junho de 2010

Térmico

O que me tornei?
Todo fim tem um princípio.
A morte que sofri, me trouxe nova vida.
Não foi o que planejei
Mas mesmo assim saudei sua vinda.

Talvez seja essa a sina:
Viver me transformando
Sendo outro a cada esquina
As roupagens ir trocando
A cada passo do caminho
A cada beijo, a cada carinho
Ser frio ou estar amando.

Não consigo ser só morno
Tenho que ser fogo ardente
Sou intenso, frio ou quente.
Queimo o gelo, gelo a chama
Quando pelo meu nome chama
Inerte mas envolvente.

E quem não se apaixonou
Pela seca voz da morte
e seu gélido beijo de outono?
Quem não quer sentar no trono
Que a Perséfone pertence?
Mesmo que Deméter lamente
É com Hécate que eu sonho.

Foto de Floriana Barbu (aqui)