sexta-feira, 23 de julho de 2010

Eu vou te amar
Até o dia em que os Céus
Resolverem cair sobre a terra,
O mar deixar de existir
E o Sol ficar tão quente
Que a vida seria impossível.
Só deixaria de te amar
No dia em que minha alma imortal
Desaparecesse da existência.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Térmico

O que me tornei?
Todo fim tem um princípio.
A morte que sofri, me trouxe nova vida.
Não foi o que planejei
Mas mesmo assim saudei sua vinda.

Talvez seja essa a sina:
Viver me transformando
Sendo outro a cada esquina
As roupagens ir trocando
A cada passo do caminho
A cada beijo, a cada carinho
Ser frio ou estar amando.

Não consigo ser só morno
Tenho que ser fogo ardente
Sou intenso, frio ou quente.
Queimo o gelo, gelo a chama
Quando pelo meu nome chama
Inerte mas envolvente.

E quem não se apaixonou
Pela seca voz da morte
e seu gélido beijo de outono?
Quem não quer sentar no trono
Que a Perséfone pertence?
Mesmo que Deméter lamente
É com Hécate que eu sonho.

Foto de Floriana Barbu (aqui)

terça-feira, 20 de abril de 2010

Rogo da Sacerdotisa

Encontrei esse texto na internet e achei ótimo para ser pensado...
Escrito por Gaia Lil

"Ainda que eu morra e viva sozinha,
Eu ainda serei a Sacerdotisa.
Ainda que só eu
Ainda respeite os Velhos Mistérios,
Eu ainda terei o controle da Teia da Vida.
Ainda que eu seja apedrejada e negada por mil anos,
Eu ainda serei a Sacerdotisa .
Ainda que eu seja difamada.
Que eu seja mal falada,
Eu ainda saberei os Mistérios do Prazer.
Ainda que mil vozes e mil espíritos
Gritem a mim :
"Teu caminho não é o da Sacerdotisa",
Eu ainda serei uma Sacerdotisa.
Ainda que me roubem as vestes sagradas,
Ainda que eu não possa queimar ervas
E comungar com os espíritos da noite,
Eu ainda serei a Sacerdotisa.
Ainda que eu esqueça todos os Mistérios,
Eu ainda serei a Sacerdotisa.
Pois uma única coisa jamais eu esquecerei:
Que eu sou a força e a vontade da Deusa
Se manifestando na Terra."

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Celebração



Não mais! - disse a mim mesmo.
E eu estava certo.
A época das dores passou,
Só que eu não estava aberto.

Mas agora é diferente.
Ando pelas ruas e vejo gente
E elas me veem também.

O preto e o branco ficaram para trás.
Só há luz nos meus olhos
Em tons de verde e azul.
Só há luz e nada mais.

Meus cabelos seguem o vento
Num balanço que me dá prazer.
Entendo a lingua da brisa,
Sei o que ela quer dizer

Escuto o chamado da Lua.
Ela canta pelo meu sangue
E me chama pra dançar a Runa
Pela noite enebriante.

E minha maré sobe e desce
Como as águas do oceano.
E no extase da dança,
no sussuro do feitiço,
na risada de criança
Eu danço...

Não mais! - digo a mim mesmo
E eu estou certo
A dor ficou no passado
E agora estou completo.

sábado, 21 de novembro de 2009

Devaneio

Hoje sonhei com você
E que angústia eu senti!
Não era você, mas era você,
Não era.... você... era?

Lembro das feições,
Do jeito de ser,
Não podia ser você!
Mas era para ser...

E a voz não era sua,
Nem seu rosto também
Mas era eu no chuveiro
Conversando com alguém
Que era você,
Mas não era para ser...

E ao final do banho,
Eu acordei estranho.
E agora, ao final do dia...
Estranho! Eu acordei

Agora eu sei
Que não é mais você.
Era para ser
Mas eu me lavei
No sonho e na realidade.
Não há mais você dentro de mim.
Renasci para a felicidade
Meu destino pertence a mim.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Embreaguez


Tenho meus dedos na boca, cobrindo-a.
Minhas unhas entre os dentes,
Mas não as roo, apenas mordo.
Mordo as unhas para não morder os lábios.
Morder não sei porque.


Quebraria pratos se eu pudesse.
Atiraria nas paredes.
Liberaria os sentimentos
Tão presos, tão densos, tão tensos,
Tão meus...


Mas de que adiantaria?
Não há alivio, só saudade.
Saudade do que?
Saudade do que não tive?
Talvez saudade do que eu queria ter.


E meus olhos tão confusos, tão molhados,
Escorrem em verde-mata,
E eu choro o que me mata:
A tristeza que me embreaga.


Mas me embreago também por dentro.
De um gole só meto pra dentro
A aguardente guardada no armário.


E como arde minha garganta,
Ao descer o quente veneno.
Rapidamente me esquento
E já não sinto mais nada.


Mas o efeito é tão curto,
Dura só alguns minutos e uma gargalhada
E a lembrança retorna amarga
E eu me ponho novamente a chorar.


Eu sei e você sabe
Que é mais importante a amizade,
Que o amor acaba em um só instante
E o que resta e só saudade.


Mas não tenho mais esperança
De ter você no meu ninho
E te dar todo o meu carinho
Um beijo de amor após uma dança.
Eis que a vida matou a criança.
Que existia no meu passado.


Depois de um tempo, eu aprendo
Que a vida é tão insegura...
O amor nunca foi uma benção.
O amor é apenas loucura...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Triste Encontro

Hoje eu vi meu velho Amor.
Meu Amor antigo
Talvez morto ou ainda vivo.
No momento adormecido

E vi seu caminhar
Com o vento que sopra o frio
Neste outono ainda vivo
No momento esmoecido

E o sol acende em meu peito
Esquenta o frio do tempo
O tempo que me esfriou
Me fez morto mas ainda vivo
No momento entristecido

Mas segui meu caminhar
Como o Tempo segue o dele
Mesmo assim olhei para trás
Um arrepio em minha pele

Pode ainda haver amor
No meu coração partido?
Mesmo morto, ainda vivo
No passado já esquecido